O Preço Oculto da Autodesconsideração

Como o Abandono de Si Transforma Sua Vida e Relações

Vivemos imersos em costumes e valores que, muitas vezes, nos ensinam a anular-nos em função dos outros. Somos treinados a focar nas necessidades, sentimentos e felicidade alheias, enquanto ignoramos completamente as nossas próprias. Essa autodesconsideração e o abandono de si não são meros hábitos, mas uma “doença gravíssima” que impacta profundamente nossa existência e a qualidade de nossas relações.

Vamos entender como essa “negativação” (o oposto da positivação) se manifesta e quais são suas consequências, conforme as reflexões de Gasparetto, no vídeo A POSITIVAÇÃO É FUNDAMENTAL! – Gasparetto conversando com você #82

Impactos na Vida Pessoal: Uma Prisão Interna

  1. Pobreza de Condições e Inconsciência de Si: A desconsideração é um processo que “reprime”, “dificulta” e “recalca”, deixando a pessoa com uma “pobreza de condições para lidar com as coisas”. Gera uma “inconsciência da gente”, onde não se sabe o que quer ou sente, perdendo-se de si.
  2. Condenação Internalizada e Medo de Viver: Muitas vezes, repetimos para nós mesmos as condenações que nos foram impostas na infância. Isso nos faz sentir “inadequados”, “o errado”, “o rejeitado”, “um incapaz”. O resultado é um “medo tremendo de viver, de agir, de tentar”, com a crença de que somos “uma criatura deficiente” ou “uma porcaria”.
  3. Autoexigência Irrealista e Autotormento: Tendemos a nos cobrar e exigir coisas para as quais não temos condição, gerando insatisfação e um constante sentimento de fracasso. Essa “ignorância das suas condições” e a falta de respeito consigo mesmo levam a um “autotormento”.
  4. Criação da Própria Realidade Negativa: A energia da autodesvalorização se materializa em problemas. Quando nos condenamos e desprezamos, as “coisas começam a criar problema”, e podemos até “perder coisa, perder dinheiro”, pois “nós fazemos a nossa realidade”.
  5. Vida Limitada e Sem Prazer: A vida pode se tornar “cheia de tarefa, cheia de peso” e uma “luta imensa para conseguir muito pouco”. Parece “proibido ter prazer”, e a pessoa “não ama porcaria nenhuma” da vida, cortando oportunidades e não fazendo as mudanças necessárias por “não aguentar a barra”.
  6. Perda de Energia e Bloqueio de Caminhos: A falta de energia impede a alegria de viver, o entusiasmo e a concretização de boas ideias. Internamente, a mente “se fecha” e “fecha os caminhos” para evitar sofrimento, deixando a pessoa “empacada” na vida.

Impactos nas Relações: Dependência e Mágoa

  1. Busca por Consideração Externa e Dependência: A profunda carência interna leva a pessoa a “fazer tudo para os outros para os outros te dar um pouco de consideração”, transformando-se em um “capacho da vida dos outros”. Essa dependência gera “muita aflição, ansiedades, cobranças, tensões”.
  2. Mágoas Profundas: Quando os outros não retribuem a expectativa de “abençoar” ou considerar, o resultado é “mágoa para o resto da vida”.
  3. Dificuldade de Comunicação Autêntica: A pessoa que se perdeu de si “não sabe o que quer, não sabe o que sente”. Tendem a dizer “o esperado” em vez de serem sinceras, pois não estão em contato com seus próprios sentimentos.
  4. Falta de Respeito Recíproco: Se não nos respeitamos, fazemos as coisas para agradar e não percebemos a falta de respeito alheio. Mesmo fazendo tarefas corretamente no trabalho, pode-se “só receber queixa” por falta de “auto consideração”.
  5. Relações de Cobrança e Expectativas Irreais: Pessoas com essa carência “grudam nos parentes” ou em seus parceiros, exigindo deles o que não fazem por si mesmas. Há uma expectativa irreal de que os outros “arrumem” e “acertem” suas vidas, gerando frustrações.
  6. Inimizade Consigo Mesmo: A autodesconsideração é tão severa que a pessoa “não gosta nem de ficar sozinha” consigo mesma, porque se vê como “uma inimiga”.

O Caminho da Positivação: O Resgate de Si

A boa notícia é que é possível reverter esse quadro. O caminho é a “positivação”: tornar-se consciente desses padrões negativos herdados e fazer uma mudança para o positivo. Isso significa ter “consideração por você, do seu apoio, do seu respeito por si mesmo”.

Quando cultivamos a autoconfiança e a autocompreensão, nossa energia muda. As manifestações de consideração começam a surgir de forma natural nas relações, pois o outro “sente que você mudou” e reage a isso.

A base para um amor e respeito saudáveis, tanto por si quanto pelos outros, começa com a autoconsideração.

É um compromisso consigo mesmo, uma jornada de autoconhecimento que nos permite não apenas ter uma vida mais plena e com mais prazer, mas também construir relações mais autênticas e recíprocas.


Notas:


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Auto-observação para VIDA REAL

Gasparetto – Sobre a REALIDADE