AuTDAH: reconhecendo o caos interno

O Diagnóstico Tardio de Autismo e TDAH

Você já se sentiu como se sua mente fosse um campo de batalha, onde a necessidade de organização e a incapacidade de mantê-la colidem constantemente? Ou como se você amasse a ideia de socializar, mas logo após um evento, precisasse de dias de isolamento para se recuperar?

Isso é só mais um dia de uma pessoa com AuTDAH, um termo que descreve a coexistência de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Autismo.

A união desses dois transtornos é bastante peculiar, pois as necessidades e características de cada um são frequentemente opostas. Imagine que seu cérebro é uma república onde coexistem uma pessoa muito organizada e uma pessoa muito bagunceira, em constante atrito. Essa “desgraceira na cabeça” muitas vezes passa despercebida por anos, levando a um diagnóstico tardio, especialmente em mulheres.

Os Desafios de um Diagnóstico Tardio de AuTDAH

Viver com AuTDAH sem o conhecimento do diagnóstico é uma jornada de caos interno constante que pode ser paralisante. As “máscaras” de comportamento neurotípico que as pessoas desenvolvem para se encaixar podem cair após grandes mudanças de vida, traumas ou luto, intensificando os sintomas e levando à busca por respostas. Para o diagnóstico, o autismo precisa estar presente desde a infância e os traumas podem ajudar a percebê-lo.

Vale lembrar que os traços descritos neste post não confirmam diagnóstico. Em caso de dúvidas, busque apoio de um profissional qualificado.

Os desafios diários podem incluir:

  • Conflito Interno e Rotina Complexa: Há uma necessidade profunda de organização e rotina, típica do autismo, mas uma incapacidade persistente de mantê-las, característica do TDAH. Isso gera uma irritação extrema e crises internas ao ver coisas fora do lugar que não se consegue arrumar. Além disso, a pessoa pode precisar de mudanças constantes (TDAH) mas se arrepender logo depois, num ciclo sem fim.
  • Dificuldades Sociais Complexas: Embora pessoas com AuTDAH tendam a ser mais sociáveis do que autistas sem TDAH, gostando de conhecer pessoas e lugares novos, a socialização é um campo minado. Há dificuldade em entender linguagens figuradas, ironia, sarcasmo, piadas, e expressões faciais. A comunicação é frequentemente direta e sem filtros, podendo ser interpretada como “soco na cara” por não entender “joguinhos psicológicos”. O mutismo seletivo na infância (muitas vezes confundido com timidez) pode evoluir para fobia social na vida adulta, onde o cérebro pode “dar tilt” e “dar branco” em situações desconfortáveis. Também há dificuldade em nutrir amizades ativamente, preferindo ficar em casa após eventos sociais para se recuperar, precisando de muito tempo de solidão.
  • Hipersensibilidade Sensorial: A hipersensibilidade a estímulos como volume alto, ruídos específicos, texturas e temperaturas de alimentos é comum. Essa sensibilidade pode se tornar insuportável após eventos traumáticos.
  • Disfunção Executiva e Memória Peculiar: Há uma grande dificuldade para iniciar atividades, que pode levar dias ou semanas de preparação. A disfunção executiva afeta a capacidade de executar tarefas e a coordenação motora. Apesar de uma excelente memória visual (que ajuda a não perder objetos, pois se lembra da imagem de onde as coisas foram colocadas), a memória auditiva é fraca, exigindo anotações para reter informações faladas.
  • Desregulação Emocional: Crises e choro constante são frequentes, muitas vezes necessitando de medicação para regulação.
  • Hiperfoco e seus Desafios: O hiperfoco, presente em ambos os transtornos, pode durar por anos. Isso pode ser um problema profissional, pois a pessoa se hiperfixa em um assunto, estuda-o exaustivamente, mas depois perde o interesse e “larga” o que estava fazendo, buscando um novo hiperfoco. A interrupção de um hiperfoco pode causar irritação extrema.
  • Estereotipias (Stimming): Movimentos repetitivos (como estalar dedos, balançar o corpo, torcer as mãos) são comuns e servem como forma de regulação emocional e conforto. Podem mudar com a idade, sendo que a sociedade muitas vezes reprime esses comportamentos.

Os Potenciais a Serem Desenvolvidos no AuTDAH

Apesar dos desafios, a coexistência de TDAH e autismo pode conferir potenciais e modos de funcionamento únicos:

  • Poderoso Hiperfoco: Uma vez iniciada uma atividade, há uma capacidade de foco extraordinária, dedicando-se por muitas horas ou até dias. O hiperfoco pode levar a um conhecimento extremamente aprofundado em áreas de interesse.
  • Pontualidade Excepcional: A necessidade de organização do autismo pode compensar a desorganização do TDAH, resultando em uma pontualidade meticulosa e aversão a atrasos.
  • Organização Impulsiva: Embora a casa possa ser um “caos semiorganizado”, a aversão à confusão visual pode levar a impulsos súbitos de organização intensa.
  • Sociabilidade Equilibrada: A pessoa com AuTDAH é geralmente mais sociável do que quem tem apenas autismo. O desejo de socializar (TDAH) e a necessidade de tempo para si (autismo) podem coexistir, levando a um equilíbrio onde a pessoa aprecia a socialização, mas também sua solitude para recarregar.
  • Abertura a Novas Experiências: O TDAH pode impulsionar o gosto por experimentar comidas, temperos e pratos de diferentes culturas, além de apreciar viagens e a descoberta de novas possibilidades.
  • Empatia e Clareza na Comunicação: Pessoas com AuTDAH podem ser muito empáticas, muitas vezes priorizando o cuidado com os outros. Sua comunicação direta e pragmática, sem rodeios ou “jogos psicológicos”, pode ser valorizada em contextos que exigem clareza.
  • Autoconhecimento Profundo: O diagnóstico, mesmo que tardio, é descrito como uma forma de autoconhecimento muito profunda. Ele permite entender dificuldades antigas, respeitar os próprios limites e reduzir a autocobrança, levando a uma maior autoaceitação e bem-estar.
  • Potencial Artístico e Criativo: A arte, a pintura e o desenho são mencionados como hiperfocos comuns para muitas pessoas no espectro, indicando um potencial criativo a ser explorado.

Dicas para Melhorar a Qualidade de Vida com AuTDAH

Compreender e gerenciar o diagnóstico de AuTDAH é um passo crucial para melhorar a qualidade de vida. Aqui estão algumas dicas baseadas nas experiências compartilhadas nos vídeos listados ao final deste post:

  • Busque o Diagnóstico e o Autoconhecimento Profundo
    • O diagnóstico é a chance de dar nome às suas experiências e entender como você funciona de forma única. Ele permite entender dificuldades antigas, respeitar os próprios limites e reduzir a autocobrança.
  • Apoio Profissional é Essencial
    • Considerar tratamento terapêutico e psiquiátrico é fundamental, pois pode trazer melhorias significativas, inclusive para a hipersensibilidade sensorial.
    • A medicação pode ser crucial para a regulação emocional, ajudando a lidar com o choro constante e as crises. Há também medicação para o TDAH que pode ajudar.
  • Atenção à Alimentação
    • Pode ser benéfico experimentar cortar laticínios e glúten da dieta, pois há relatos de melhora significativa nos sintomas sensoriais.
  • Estratégias para Lidar com a Hipersensibilidade Sensorial
    • Esteja atento a estímulos que causam desconforto.
    • O uso de tampões de ouvido pode ser útil em ambientes ruidosos ou para dormir, especialmente se o sono for leve ou os ruídos insuportáveis.
  • Gerencie a Disfunção Executiva e o Hiperfoco
    • Reconheça a grande dificuldade em iniciar atividades e aceite que a preparação pode levar dias ou semanas.
    • Uma vez que a atividade é iniciada, aproveite a capacidade de foco extraordinária.
    • Para compensar a memória auditiva fraca, anote informações importantes no celular ou em papel. Confie na sua excelente memória visual.
  • Adapte a Rotina e a Organização às Suas Necessidades
    • Entenda o conflito interno entre a necessidade de organização e a dificuldade em mantê-la. Aceite os impulsos súbitos de organização intensa.
    • Se for o caso, aceite o ciclo de desejar mudanças e depois se arrepender.
  • Desenvolva Habilidades Sociais Conscientes
    • Aproveite sua sociabilidade natural, mas reconheça suas dificuldades em entender linguagens figuradas e expressões faciais.
    • Respeite a necessidade de um longo período de recuperação e isolamento após eventos sociais.
    • Esteja ciente da dificuldade em nutrir amizades ativamente e da preferência por ficar em casa após saídas.
    • Se o mutismo seletivo ou fobia social se manifestarem, busque formas de lidar com a ansiedade em situações sociais.
    • Compreenda que suas estereotipias são formas de auto-regulação e conforto.
  • Abraçe a Empatia e a Criatividade
    • Reconheça sua alta empatia, mas esteja atento à tendência de ignorar as próprias necessidades para cuidar dos outros.
    • Explore seus potenciais artísticos e criativos, como a arte, pintura e desenho.
  • Aceitação e Redução da Autocobrança
    • É fundamental não se culpar tanto por não conseguir fazer tudo o que outras pessoas da sua idade fazem, ou por não se encaixar em padrões neurotípicos.
    • O diagnóstico pode ser o começo de uma jornada para respeitar seus limites e aceitar quem você é, levando a um maior bem-estar.

Em suma, um diagnóstico tardio de AuTDAH não é o fim, mas o início de uma NOVA FASE na jornada de autodescoberta. É a chance de dar nome às suas experiências, entender como sua mente funciona de forma única e, finalmente, respeitar seus limites e potenciar suas habilidades.

Se você se identifica, buscar ajuda profissional pode ser o primeiro passo para essa compreensão e para viver uma vida mais alinhada com quem você realmente é.


Nota 1: O texto deste post foi gerado através de IA (Notebook LM), utilizado para conhecer melhor os desafios de pessoas que convivem com o diagnóstico tardio de AuTDAH. Vídeos consultados:

Como é ser AUTISTA e TDAH ao mesmo tempo. AUTDAH #tdaheautismo, do canal Artista Atípica

Meu diagnóstico tardio de AUTISMO (nível 1) e TDAH | Sinais de autismo em adultos, do canal Artista Atípica

TDAH + Autismo? Como cheguei a essa suspeita e como é ter os dois transtornos?, do canal Nati Felli

TDAH e Autismo Juntos! – Podem coexistir?! #tdaheautismo #tdah #autismo, do canal TDAH e Autismo


Nota 2: ATENÇÃO! Nenhum post deste blog substitui orientação de um PROFISSIONAL DE SAÚDE. Em caso de dúvidas, busque AUXÍLIO PROFISSIONAL.


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